🇬🇧 Monstra 2025 - The Choices of António Alves

The Festival Monstra had its 25th anniversary this past March and was celebrated with all the bells and whistles, filled to the brim with content and activities to partake on, just like previous editions. As a recurring patron of the festival for six years by now, this edition kept its selling points strong, such as workshops and masterclasses, and a program based on its guest country, this year being Austria, which led me to learn more about this country’s animation scene, which was quite unknown to me, relative to its neighbor countries. The festival’s educational platform remains unmatched.

However, I thought the selection of shorts this year left a bit to be desired. It’s by no means a bad selection of shorts, far from that, but with the gargantuan event that was the Annecy Festival last year, and the strong selection of shorts at Cinanima Festival in Espinho last November, Monstra ended up having a rather predictable program in that regard. The winning shorts deserve their laureates, but I believe many of the shorts in their respective categories deserve as much attention, and it’s a big concern of mine that these will be lost to time.

With that said, I decided to list of some of my favorite shorts that didn’t end up winning, highly recommended for viewing either at a festival or at home. Starting with:

Short Perspectives

I consider this competition as Monstra’s very own Un Certain Regard. Movies that didn’t get enough votes to reach the official selection, but their quality granted their very own category, which to be quite honest, this year’s selection ended up being better than that of the main competition.

YUCK!, by Loïc Espuche from France, was the big winner of the Short Perspectives, a cute movie that received an Oscar nomination. However, I will highlight the following movies:

Honorable mentions go to SHOES AND HOOVES, by the hungarian director Viktória Traub, which concept has the potential to spawn an anthology of shorts or even a feature, FUSION, by canadian Richard Reeves, who keeps Norman McLaren’s experimental flame alive, WEEDS, by Pola Kazak from Czech Republic, and THE VOICE OF THE SIRENS, Gianluigi Toccafondo from Italy, both of which explore motherhood in extremely distinct approaches.

 

Students Competition

Pode parecer estranho dizer isto, mas as competições de estudantes são as minhas favoritas em festivais de animação, quer na Monstra quer no Cinanima. É fascinante ver trabalhos feitos por jovens adultos, ainda em formação, com productos finais com uma qualidade comparável ou até mesmo superior a filmes feitos por profissionais.

Os filmes premiados incluem O Gato, a Raposa e o Lobo de Aurore Muller Feuga (França), Enlatado de Hasse Van Overbeke (Bélgica), Detlev de Ferdinand Ehrhardt (Alemanha), The Bird from Within de Laura Anahory e Cherry, Passion Fruit de Renato José Duque (ambos de Portugal). Contudo, existem outros filmes que merecem reconhecimento pela sua destreza técnica e valor emotivo. Filmes como:

Menções honrosas vão para ZONA BRANCA, um filme de terror de Maria Minaeva, Carole Naegelen, Marie-Ange Lombard, Marie-Lys Mathias, Enola Pardon, Sarah Bernu, PARA SEMPRE, uma aventura cómica de Théo Djekou, Pierre Ferrari, Cyrine Jouini, Pauline Phillipart, Anissa Terrier, ambos feitas em escolas de renome em França, LOUCURA, uma comédia surreal do russo Saule Matvienko, RECORDAR, uma história passada no Chile de Pinochet, contada pela realizadora Carolina Cruz, e UM PEQUENO COTÃO NO MEU JARDIM, do sul coreano Bom Kim.

 

Official Selection

Este ano a competição de curtas da Monstra destacou-se por não ser tão forte comparado com edições anteriores. Isto deve-se ao facto de ser maioritariamente constituído por filmes que estiveram no Cinanima, como também de incluir uma quantidade notável de filmes portugueses, inclusive co-produções. Com estas repetições causa-se uma enorme fadiga para os espectadores de ambos os festivais, independentemente da qualidade dos filmes.

Dito isto, os filmes vencedores foram merecidos, se um pouco previsíveis, com Homens Bonitos, de Nicholas Keppens (Bélgica), O Carro que Voltou do Mar, de Jadwiga Kowalska (Suíça), e Percebes, da Laura Gonçalves e Alexandra Ramires (Portugal), já terem ganho palmarés em Annecy e/ou no Cinanima. Outros filmes da selecção bem podiam ter ganho se não fosse essa vantagem, tais como:

Menções honrosas incluem Círculo, de Yumi Joung (Coreia do Sul), LOCA, de Véronique Paquette (Canadá), O Cravo Bem Temperado, de Anna Samo (Alemanha), Panorama Silencioso, de Nicolas Piret (Bélgica), Linha Circular, de Renuka Shahane (Índia), e Milagre Miserável, de Ryo Orikasa (Japão, França).

 

Vasco Granja Awards

Pela primeira vez na história do festival, a competição portuguesa foi dividida em duas partes, devido à quantidade de submissões que receberam. Por conseguinte, fizeram também algo inédito: a inclusão de filmes de estudantes. Como era de esperar, Percebes de Laura Gonçalves e Alexandra Ramires, da BAP, foram as grandes vencedoras, com Amanhã não dão Chuva de Maria Trigo Teixeira, da Aim, sendo a vencedora do Prémio Especial do Júri. Filmes com qualidades soberbas, no entanto considero que dois filmes nesta competição mereciam igual atenção:

Menções honrosas vão para o filme VENI VIDI NON VICI, da realizadora Leonor Calaça, que explora a tauromaquia a partir de uma conversa de esplanada, literalmente, e o videoclipe PAULINHA, realizado por Ana Marta Mendes d’Os Filmes do Pinguim, um filme que tira proveito da letra da canção de Raul Manarte, e faz dela uma história caricata que vale a pena ver e ouvir.

 

Veredicto

Uma selecção de filmes não vai satisfazer toda a gente. Comparado com edições anteriores, a escolha das curtas metragens teve o azar de fazer competição directa com o Cinanima, o que leva a uma fadiga do público que frequenta ambos os festivais, quer como espectadores, quer como cineastas e/ou organizadores de outros festivais. Este ano notou-se um número considerável de filmes repetidos na selecção oficial de ambos os festivais, cerca de um em três filmes, já para não falar nos filmes portugueses que foram exibidos na competição de curtas da Monstra e nos Prémios Vasco Granja.

Dito isto, esta foi a única falha que considero grave numa edição que foi, como todas as outras, cheia de actividades e surpresas. A selecção de longas metragens foi no geral bastante sólida, filmes que vi apenas em Annecy tive o prazer de voltar a ver, filmes que tinha visto no Cinanima soube apreciar ainda mais, excelentes masterclasses, óptimas retrospectivas, uma exposição espectacular no Museu da Marioneta, e um bom convívio com os meus amigos do ramo. Uma vez que a Monstra celebrou uma data redonda, este ano foi como qualquer outra festa de aniversário: por muito perfeito que queremos que tudo esteja, há sempre um copo de champanhe que se parte, mas ninguém leva a mal.

Parabéns à Monstra, parabéns ao Fernando Galrito e ao Miguel Pires Matos por mais um festival, e continuação dos festejos, vemo-nos para o ano.

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🇵🇹 Monstra 2025 - A Curadoria de António Alves